28 de Junho: Dia Internacional do Orgulho [Newsletter: Lado Esquerdo]

 

Junho é o mês do Orgulho LGBTQIA+. Um mês de celebração, mas também de resistência, em que reafirmamos o nosso compromisso político com a luta pela igualdade plena.

A 28 de junho assinala-se o Dia Internacional do Orgulho, evocando um dos episódios mais marcantes no movimento LGBTQIA+, a Revolta de Stonewall. No dia 28 de junho de 1969 várias pessoas que frequentavam o bar Stonewall Inn, em Nova Iorque, revoltaram-se contra uma rusga policial violenta, dando assim origem a uma série de manifestações espontâneas.

Portugal, então imerso num regime ditatorial opressor e alienante, teria de esperar mais alguns anos para ver surgir este movimento. Apenas a Revolução do 25 de Abril de 1974 abriu portas a um primeiro manifesto LGBT, publicado nos jornais da época em maio do mesmo ano (“Liberdade para as Minorias Sexuais”, pelo Movimento de Ação Homossexual Revolucionária). Este manifesto desencadeou a reação pública do general Galvão de Melo, que em plena televisão afirmou que a revolução não tinha sido feita para “prostitutas e homossexuais”.

Somente no ano de 2000 surge, em Lisboa, a primeira marcha do orgulho. Uma segunda marcha surge em 2006, no Porto, impulsionada pela morte de Gisberta, transsexual barbaramente agredida e torturada. Coimbra foi a terceira marcha, em 2011, desbloqueando o binómio das grandes cidades até aí existente. Hoje assistimos a um crescimento exponencial desta forma de luta política e de ocupação das ruas, herdeira do espírito de Stonewall.

Em 2023 foram convocadas cerca de três dezenas de marchas por todo o país. No distrito de Leiria marchou-se pela primeira vez em Peniche, a 3 de junho (organização do Clube dos Direitos Humanos da Escola Secundária), e pela segunda vez nas Caldas da Rainha, a 25 de junho (Caldas em Marcha). O concelho de Leiria terá a sua terceira marcha a 24 de setembro (Leiria, Marcha!).

As marchas são um movimento contínuo e com forte presença juvenil, que cresce de ano para ano, chegando a muitos lugares que não viam manifestações tão expressivas desde o tempo do “Que se Lixe a Troika”. São um espaço privilegiado de ativismo e politização, que articula agendas, conjugando a luta pela liberdade e emancipação coletiva, com a luta contra as várias formas de opressão e de exploração. As marchas são celebração do que já foi conquistado, mas também de visibilidade e reivindicação de tudo o que falta, cada uma destas manifestações relembra que há ainda um longo caminho a ser percorrido até à igualdade e dignidade no trabalho, na habitação ou na saúde.

“São, ao mesmo tempo, cada vez mais políticas e cada vez mais festivas, por fazerem da celebração um protesto e da reivindicação política uma festa, por serem afirmação coletiva e encontro no espaço público.” 

(Documento de conclusões aprovado no I Fórum LGBTQIA+ do Bloco)