Atlantis: imposição de férias antes de lay off na fábrica de louça em Alcobaça

Foram muitas as empresas que, nas primeiras semanas de crise pandémica, impuseram férias aos trabalhadores para suspender a produção e depois recorreram aos apoios públicos para prosseguir com a atividade.

A administração da fábrica Atlantis, em Alcobaça, segundo denúncias que nos chegaram, obrigou os trabalhadores e as trabalhadoras a tirarem as três semanas de férias que estavam já marcadas para o Verão, ainda durante o mês de março. Houve um primeiro contacto com os funcionários, para perceber quem estaria disposto a tirar férias neste período e, como não houve concordância de muitas pessoas, a empresa anunciou que as férias seriam tiradas agora e que os trabalhadores receberiam o respetivo subsídio. A decisão foi justificada com a quebra de encomendas devido à pandemia, embora a administração ainda a tenha anunciado também como uma medida de proteção, para evitar o contágio entre trabalhadores.

No passado dia 13 de abril, a empresa passou a laborar com equipas reduzidas em regime de rotatividade, com uma redução dos períodos normais de trabalho, recorrendo, para o efeito, ao “lay off simplificado”. Ou seja, como aconteceu em várias empresas nestas primeiras semanas de crise pandémica, a Atlantis impôs férias forçadas quando decidiu suspender a produção regular, tendo depois recorrido aos apoios públicos para prosseguir com a atividade.

Com a fusão que teve lugar em 2001, esta unidade industrial integra o grupo Vista Alegre Atlantis, o maior grupo nacional na área da produção de louça de mesa. A imposição de férias sem acordo aconteceu também na fábrica da Vista Alegre em Ílhavo e na Cerutil, uma empresa que integra o universo Vista Alegre Atlantis desde 2018. A Vista Alegre Atlantis é detida, desde 2019, pelo Grupo Visabeira, de quem também já divulgámos aqui a imposição abusiva de férias.