Bloco de Esquerda propõe reforço de Órgãos Autárquicos no Concelho de Leiria
Propostas do Bloco de Esquerda dirigidas aos Órgãos Autárquicos do Concelho de Leiria para a resposta à pandemia do CODVID-19
Portugal entrou na fase de mitigação no combate à pandemia do CODVID-19. Isso equivale a reconhecer que a penetração do novo coronavírus deixou de ter rasto conhecido e passou a ser disseminado pela própria comunidade. Tal significa que a atuação dos poderes públicos passou a ser orientada para a defesa de cada comunidade no seu conjunto, para além do papel insubstituível do SNS na defesa da saúde pública e no combate à expansão do covid-19 no país e em cada território. Nesta nova fase da evolução da pandemia no país – a fase de mitigação - cresce em importância o papel das autarquias enquanto agentes de saúde pública na defesa das populações, da economia e dos modos de vida que caracterizam cada um dos territórios a nível local e regional.
O país aplicou e vai continuar a aplicar medidas excecionais com as quais o Bloco de Esquerda está solidário. O Bloco tem feito diversas propostas que, lamentavelmente, têm sido recusadas, mas que, em nosso entender, permitiriam defender o emprego e os rendimentos das famílias, como prioridade para responder aos efeitos socioeconómicos negativos que se adivinham. São exemplos as propostas de requisição civil de hospitais privados para fortalecer a capacidade do SNS, o reforço de meios para proteção pessoal dos profissionais de saúde e setores da população de risco, assim como o aumento da capacidade de realização de testes ao covid-19 pelo SNS ou a proibição dos despedimentos.
Mesmo assim, consideramos que as autarquias, dentro das suas competências e âmbito de ação, podem e devem fazer mais e melhor em defesa das populações e dos seus territórios.
Assim, para o concelho de Leiria, o Bloco de Esquerda apresenta ao Município de Leiria um programa de 10 medidas de emergências para reforço do combate à pandemia do covid-19:
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Criação de um laboratório público, integrado no SNS, dedicado ao diagnóstico e teste do Covid-19, a funcionar no Hospital Santo André, com a capacidade de realização de, até 1.000 testes/dia, cujas prioridades deverão abranger, para além da realização de testes dos casos enviados pelo SNS, a execução de um planeamento sistemático de testes incidindo sobre:
- Todos os profissionais do SNS e todas as profissões ligadas à emergência e Proteção Civil, bem como forças de segurança;
- Pessoas que tenham estado em contacto com pessoas infetadas com o Covid-19;
- As populações dos setores de risco, classificadas como tal pela DGS, em particular o rastreio completo dos idosos em todos os lares e casas de repouso existentes no concelho, incluindo pessoal auxiliar, médico e paramédico, a trabalhar nessas instituições;
- Todos aqueles que apresentem sintomas de poderem estar infetados pelo vírus.
- Para a operacionalização dos testes a realizar, a Direção do Hospital Santo André, em conjunto com a Direção Regional de Saúde e o município, deveriam desejavelmente articular-se com instituições científicas de saúde no país que se encontram a desenvolver de técnicas próprias de teste e análise, tendo em vista a sua aplicação no laboratório.
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Reforço das capacidades de intervenção do SNS no concelho, nomeadamente ao nível de:
- tratamento e internamento nos hospitais do SNS e instalações públicas que podem ser transformadas em hospitais de campanha;
- garantia dos meios individuais de proteção e segurança face ao vírus para todos os profissionais de saúde e serviços de emergência em atividade no concelho, a serem efetivadas até ao próximo dia 15 de abril;
- Assegurar a confeção de refeições take-away para as crianças de escalão A e B da ação social escolar, com distribuição de pequeno-almoço, almoço e lanche a quem necessitar; garantir o funcionamento dos pequenos mercados locais de verdes, que devem continuar a funcionar, não apenas pela acessibilidade de proximidade, mas também pela compensação económica que permitem aos produtores, embora com regras que têm de ser definidas pelo município.
- Identificar idosos e pessoas com deficiência que estejam isolados em suas casas incluindo-as no programa de visitas das equipas sociais para distribuição de refeições quentes, garantia de higiene, entrega de medicamentos e acompanhamento pessoal (por telefone ou de proximidade) através dos serviços sociais da autarquia.
- Cumprir a prioridade nacional de defender o emprego à escala local, garantindo que as autarquias e as empresas municipais não enviam para o desemprego nenhum trabalhador durante a crise, renovando ou prolongando eventuais contratos a prazo e mantendo 100% dos seus salários. Igualmente, no setor privado, não são toleráveis situações de bullying social sobre os trabalhadores, como acontece atualmente na Rodoviária do Lis com o anúncio da não renovação dos contratos. Nenhum apoio público deve ser canalizado para as empresas se houver despedimentos. Por outro lado, nas empresas que se mantêm em funcionamento é exigível que todas as regras de segurança para proteção dos trabalhadores sejam cumpridas, podendo o município disponibilizar apoios, em caso de necessidade.
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Mobilizar todas as respostas possíveis para assegurar o direito à habitação como resposta aos efeitos destruidores da pandemia na saúde das populações. Para isto, exige-se:
- suspender as rendas nos parques habitacionais municipais, da mesma forma que não devem ser admitidos quaisquer despejos no município, pelo menos enquanto durar a pandemia;
- assegurar alojamento, cuidados de higiene, alimentação e de vigilância de saúde pública aos sem-abrigo;
- reforçar a limpeza e desinfeção de espaços públicos sem recurso a produtos com risco para o ambiente, bem como na recolha do lixo.
- Os Serviços Municipais de Água e Resíduos, da responsabilidade direta ou indireta do município, devem garantir o fornecimento contínuo do serviço durante o período pandémico do covid-19, sem lugar a qualquer corte ou penalização, multa ou juros de mora por atraso de pagamento.
- Garantir residência de proximidade aos profissionais das forças de segurança, bombeiros e profissionais de saúde que o solicitem por motivos de isolamento social durante a crise (exemplo: através de aluguer de instalações hoteleiras ou disponibilização de habitações municipais), pois existem dois centros hospitalares no distrito de Leiria.
- Transportes públicos gratuitos no concelho, nomeadamente no Mobilis, desde que se garanta a segurança e a proteção do habitáculo do motorista, com base na definição de uma zona de segurança não transponível e obrigando a que as entradas e saídas se façam pela porta traseira. A lotação dos veículos deve ser reduzida a 1/3 da capacidade e, se necessário, a oferta deve ser aumentada para responder às necessidades de transporte.
- Não permitir que a democracia fique de quarentena. Nesse sentido, todas as reuniões de Câmara e Assembleias Municipais que venham a realizar-se neste período de emergência deverão ser transmitidas on-line, possibilitando a participação dos eleitos e dos cidadãos à distância, pois a pandemia não suspende a democracia.
A Comissão Concelhia do Bloco de Esquerda de Leiria