Bloco questiona Governo sobre a recuperação das Matas Nacionais e Perímetros Florestais até 2030
O Programa Nacional de Investimentos 2030 prevê uma dotação de 250 milhões de euros para recuperar as Matas Nacionais e Perímetros Florestais até 2030. Contudo, não se conhecem os critérios que levaram o Governo a determinar este valor para restaurar aquelas áreas florestais porque vários instrumentos de planeamento encontram-se desatualizados, não traduzindo a situação atual das matas e dos perímetros florestais, tal como exposto no último estudo técnico produzido pelo Observatório Técnico Independente.
A título de exemplo, os últimos planos das matas litorais e perímetros florestais que arderam em 2017 nos distritos de Leiria e Coimbra datam de 2010, não sendo hoje instrumentos de planeamento adequados, dado que se estima ter ardido mais de metade da área. Cerca de 86% dos 11 092 hectares da Mata Nacional de Leiria arderam naquele ano. Outras Matas Nacionais e Perímetros Florestais da região foram também severamente afetados pelos incêndios: Mata Nacional do Pedrógão (90%), do Urso (54%), Dunas de Quiaios (63%) e os Perímetros Florestais de Dunas de Cantanhede (81%) e Dunas e Pinhais de Mira (53%). Calcula-se que 67% de toda a floresta pública situada nesta faixa litoral do país tenha ardido em 2017, correspondendo a 24 344 hectares de área ardida.
Dado o estado atual das Matas Nacionais e Perímetros Florestais, exige-se ao Governo um planeamento rigoroso e adequado às necessidades de reflorestação, restauro e gestão da floresta pública. Além do planeamento através dos Planos de Gestão Florestal e outras ferramentas que se considerem necessárias, é imprescindível fortalecer os meios humanos e tecnológicos permanentes do ICNF de forma a possibilitar a devida capacidade de gestão e a garantir o necessário compromisso de longo prazo.
Atendendo ao exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda vem por este meio dirigir ao Governo, através do Ministro do Ambiente e da Ação Climática, as seguintes perguntas:
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Quais foram os critérios a que o Governo recorreu para determinar o valor necessário – 250 milhões de euros – para recuperar as Matas Nacionais e Perímetros Florestais no âmbito do Programa Nacional de Investimentos 2030?
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Quando prevê o Governo a publicação dos novos Planos de Gestão Florestal (PGF) referentes às Matas Nacionais e Perímetros Florestais ardidos em 2017? Como justifica o Governo a previsão de 250 milhões de euros no PNI2030 para investimento na floresta pública sem que previamente tenham sido reformulados os respetivos PGF, dado que os atuais estão totalmente desadequados?
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Como se repartem os 250 milhões de euros previstos para restaurar as Matas Nacionais e Perímetros Florestais, entre as Matas Litorais ardidas em 2017, nomeadamente a Mata Nacional de Leiria, do Urso, do Pedrógão, Dunas de Quiaios e os Perímetros Florestais de Dunas de Cantanhede e Dunas e Pinhais de Mira?
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Qual o montante, entre os 250 milhões de euros suprarreferidos, que se destinará ao reforço da capacidade operacional do ICNF para gestão da floresta pública? Concretamente, no que consiste o reforço de meios programado do ponto de vista humano e tecnológico?
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Qual o montante, entre os 250 milhões de euros suprarreferidos, destinado ao restauro de ecossistemas? E à reposição do potencial produtivo, no que diz respeito à produção florestal?