A candidatura do Bloco visitou o Pinhal de Leiria
Sete anos após os incêndios que consumiram quase 90% do Pinhal de Leiria, constatamos que os trabalhos de recuperação desenvolvidos foram medíocres e concretizados de forma avulsa, sem a coerência de um plano de recuperação adequado que integre as várias dimensões a ter em conta, desde a preservação da biodiversidade ao controlo e gestão de invasoras. O mesmo se aplica às matas nacionais do Pedrógão e do Urso, que são contíguas, estendendo o pinhal público desde a Marinha Grande até Pombal.
Apesar das inúmeras recomendações desenvolvidas pela Comissão Científica para a Recuperação das Matas Litorais e pelo Observatório Técnico Independente, os Governos passados e o ICNF ignoraram redondamente a generalidade das medidas, não havendo nenhum instrumento de planeamento e calendarização conhecido que as contemple e priorize.
As áreas plantadas após os incêndios revelam uma taxa de sucesso muito baixa, verificando-se a morte de muitas árvores. As linhas de água estão tomadas por plantas invasoras, ainda que as poucas áreas que foram plantadas logo após os incêndios exibam árvores com bons desenvolvimentos, o que demonstra que estas zonas poderiam hoje estar restauradas, se tivesse havido um investimento sério na recuperação de linhas de água, com plantação de espécies ribeirinhas e com gestão adequada. É exemplo o troço do ribeiro de São Pedro de Moel próximo da estrada atlântica, onde a iniciativa cidadã plantou espécies ribeirinhas e muitos exemplares tiveram sucesso, apesar da quase ausência de intervenções de gestão pós-plantação.
As áreas onde a regeneração natural teve maior sucesso são atualmente geridas de forma desadequada, devido à ausência de meios próprios do ICNF, à falta de competência técnica das entidades contratadas e à ausência de instruções adequadas da entidade gestora. O mesmo se pode constatar ao longo da estrada que liga a Marinha Grande a Vieira de Leiria, onde havia um grande banco de sementes, em talhões que arderam com pinheiros de idade mais avançada. As operações de gestão da regeneração natural “raparam” toda a vegetação presente e só deixaram os jovens pinheiros. Urzes e medronheiros foram colhidos juntamente com as acácias e o solo ficou nu, com pinheiros dispersos que perderam ancoragem ao solo, tendo muitos caído com os ventos fortes. Estas operações de limpeza são desastrosas para a biodiversidade e são uma porta aberta às invasoras, que crescerão sempre mais rápido que as restantes plantas e, com a repetição desta prática, vão assumir cada vez mais dominância sobre a mata.
O Bloco de Esquerda compromete-se com a recuperação das matas litorais. Propomos a construção de um plano de recuperação com metas estabelecidas e calendarizadas que integre e priorize as recomendações científicas e envolva os atores locais em torno do interesse público. Um caminho que exige a capacitação do ICNF na Marinha Grande com meios adequados para o efeito.