Florestgal não teve qualquer ação de recuperação das áreas ardidas no Pinhal Interior até hoje

O deputado Ricardo Vicente esteve em Figueiró dos Vinhos, onde reuniu com a Administração da Florestgal. A iniciativa partiu do Bloco de Esquerda, para conhecer o balanço dos primeiros três anos de atividade desta empresa pública, que foi criada após os grandes incêndios de 2017.

No passado dia 9 de Dezembro o deputado do Bloco de Esquerda, Ricardo Vicente, esteve em Figueiró dos Vinhos, onde reuniu com a Administração da Florestgal, representada pelo seu presidente, Rui Gonçalves.
A iniciativa partiu do Bloco de Esquerda, para conhecer o balanço dos primeiros três anos de atividade desta empresa pública, que foi criada e sediada em Figueiró dos Vinhos após os grandes incêndios de 2017.
 
Na época o Governo criou imensas expectativas sobre o papel desta empresa pública para recuperar os territórios ardidos, mas segundo o novo Presidente da Florestgal, que tomou posse recentemente, até ao momento ainda não ocorreu qualquer ação de recuperação de áreas ardidas no Pinhal Interior apesar de terem essa intenção. A empresa tem apenas dois funcionários e recorre a serviços externos para garantir intervenções, que até ao momento se concentraram apenas nas propriedades públicas que estão a seu cargo, todas fora do Pinhal Interior.
 
Esta realidade demonstra que a criação da Florestgal e a sua localização na Região do Pinhal Interior não passou de uma operação de propaganda do Governo. Os concelhos mais afetados pelos incêndios de Pedrógão Grande estão hoje com elevados níveis de concentração de combustíveis, em vastas áreas do território onde ainda não ocorreram quaisquer intervenções de gestão florestal desde então.
 
Para agravar a situação, o Governo ignorou sistematicamente ao longo destes anos as muitas recomendações do Observatório Técnico Independente no que diz respeito à política florestal e prevenção e combate a incêndios rurais, pelo que o país não está preparado para evitar a repetição de megaincêndios e proteger os territórios.
 
Para responder a estes desafios é importante que existam políticas públicas fortes, que apoiem as pequenas explorações agrícolas, florestais e de silvopastorícia, para que não caiam no abandono, gerando maiores riscos de incêndio de elevada perigosidade, mas também para promover a diversificação da floresta. É por isso fundamental que a nova Política Agrícola Comum assuma a prevenção de incêndios e a inclusão dos muitos produtores excluídos dos subsídios como uma das suas principais e urgentes prioridades. Tal como denunciou ontem o Centro Pinus, esta não está a ser a opção escolhida pelo Governo. Na Assembleia da República, o Bloco chamou a ministra da agricultura para uma audição no final de novembro, onde o deputado Ricardo Vicente denunciou que o Governo, na atual proposta de Plano Estratégico da PAC, está a negligenciar as necessidades dos territórios mais vulneráveis. A este respeito, relembramos o Projeto de Resolução apresentado pelo Bloco e aprovado pelo Parlamento.