Ministro do ambiente desculpa-se com ministério vizinho por ainda não haver solução para despoluir o Rio Lis

Em audição parlamentar, o deputado do Bloco de Esquerda eleito pelo distrito de Leiria, Ricardo Vicente, questionou o Ministro do Ambiente, Matos Fernandes, se o Governo abandonou a medida de construção de uma Estação de Tratamento de Efluentes Suinícolas (ETES) de propriedade e gestão pública. Esta medida já tinha sido anunciada por Matos Fernandes e por Capoulas Santos, ministro da agricultura do anterior Governo, após reconhecerem que as organizações locais de suinicultores desperdiçaram os 9 milhões de euros que estiveram adjudicados à obra durante anos.

O ministro respondeu que continua a concordar com a criação desta estrutura, assim como do novo serviço público de tratamento e valorização de Efluentes Agropecuários e Agroindustriais, mas que para tal é necessário que seja criado um entendimento interministerial para que a medida solucione verdadeiramente o problema. Trata-se de uma desculpa difícil de compreender, pois os dois ministérios são da tutela do mesmo Governo e a decisão sobre a criação de um novo serviço, assim como da adjudicação dos meios necessários é do Governo.

Na sequência da aprovação de duas moções pela  despoluição do Rio Lis e pela construção de uma ETES de propriedade e gestão pública, propostas pelo Bloco de Esquerda nas Assembleias Municipais de Leiria e Marinha Grande, em 2018, a Assembleia da República aprovou uma Resolução no mesmo sentido. Há décadas que este problema se arrasta e o rio Lis é transformado num esgoto para as suiniculturas. É inaceitável que esta situação se mantenha, em especial quando a água é um recurso cada vez mais escasso e mais valioso. Enquanto o Rio continuar a ser um esgoto, os trabalhos de requalificação das suas margens que estão a ser promovidos pelas Câmaras Municipais de Leiria e da Marinha Grande servirão de pouco para o bem estar da população e para a economia local. Com duas Câmaras Municipais e um Governo do mesmo partido, do PS, certamente o problema não se arrasta por dificuldade em obter números de telefone ou moradas para se contactarem. Para bem das gerações futuras e em cenários de escassez de água cada vez mais frequentes, não pode haver actividades económicas intocáveis por mais galardões de ouro que lhes inventem.

Vídeo da pergunta aqui.