O Museu Nacional da Resistência e Liberdade no Forte de Peniche é inaugurado a 27 de Abril

A reação cívica à intenção da Câmara Municipal de Peniche concessionar a Fortaleza, emblemático símbolo da repressão e das prisões políticas do regime fascista, para aí instalar uma «pousada de charme» levou ao processo conducente à criação do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade naquele forte.

Na realidade, o Conselho de Ministros, especialmente reunido no Forte de Peniche, aprovou na sua Resolução nº 73/2017, de 5 de Junho, a criação de um Museu Nacional naquela antiga prisão, «enquanto espaço-memória e símbolo da luta pela democracia e pela liberdade». Na sequência disso, o Ministro da Cultura, pelo seu Despacho nº 998/2018, criou uma Comissão de Instalação dos Conteúdos e da Apresentação Museológica (CICAM) do futuro Museu Nacional da Resistência e Liberdade, com o objetivo de «propor os conteúdos do programa museológico» do Museu, já apresentado em sede de candidatura ao Programa Portugal 2020. A CICAM é composta pelo Presidente da Câmara Municipal de Peniche, pela Diretora Geral do Património Cultural (que preside), por representantes do Gabinete do Ministro da Cultura e pelas seguintes individualidades: Adelaide Pereira Alves, Domingos Abrantes, Fernando Rosas, José Pacheco Pereira, José Pedro Soares, João Bonifácio Serra, Manuela Bernardino e Raimundo Narciso. Participaram também nos seus trabalhos, a título consultivo, representantes dos seguintes centros de investigação: Instituto da História Contemporânea (FCSH / NOVA), Centro de Estudos Interdisciplinares do Sec. XX (U. Coimbra), e Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória (F.L. U. Porto).

A CICAM discutiu e aprovou o guião para os conteúdos do Museu em março de 2018. Desde aí decorreram os trabalhos de investigação e pesquisa de documentação, fotografias, filmes, entrevistas, objetos, etc. para o Museu sob a responsabilidade do Grupo de Trabalho constituído para o efeito. Em maio desse ano, o júri que presidiu ao concurso público de conceção do projeto de arquitetura elegeu, de entre as 22 propostas apresentadas, a do arquiteto João Barros Matos, posteriormente exposta publicamente no Museu de Arte Popular, em Belém, Lisboa.

A inauguração do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade está marcada para o dia 27 de Abril de 2019, 45º aniversário da libertação dos presos políticos encarcerados no Forte de Peniche. Uma vez que, nessa ocasião, estarão ainda a decorrer as obras de fundo nos pavilhões da antiga cadeia, foi aprovado um programa para aquele efeito do seguinte teor:

  • Inauguração solene, na entrada interior do Forte, de um grande memorial onde estão inscritos os nomes de mais de 2.500 presos políticos que entre 1934 (1) e 1974 passaram por aquela prisão;
  • Inauguração de uma exposição em 4 núcleos: na antiga cantina da GNR, com uma antevisão sintética dos tópicos do futuro Museu; o antigo parlatório, aludindo ao regime de visitas, às relações familiares dos presos e à solidariedade política e social que lhes era prestada; a antiga capela, onde se fará uma síntese da longa história da Fortaleza e o “Redondo”, o antigo segredo, onde se narrarão as principais fugas de presos políticos do Forte de Peniche.

 

(1) O Forte de Peniche torna-se cadeia privativa da polícia política (então PIDE) em 1934. Antes disso também funcionou como cadeia política da Ditadura Militar desde 1926,mas relativamente a este período inicial não se conhece registo dos presos políticos que por lá passaram.