O orgulho contra o conservadorismo [Newsletter: Lado Esquerdo]

 

O I Fórum LGBTQIA+ do Bloco de Esquerda reuniu no Porto, em fevereiro, centenas de ativistas de todo o país na discussão das estratégias do movimento nas últimas décadas e dos desafios presentes e futuros desta luta pela emancipação numa perspetiva anticapitalista.

Este encontro permitiu aprofundar o debate crítico e tomar decisões que possam contribuir para o reforço do movimento LGBTQIA+, impulsionando a luta de forma descentralizada no território, contribuindo para uma politização anticapitalista e antiliberal das lutas pela emancipação, incluindo a luta pela libertação sexual, por uma política revolucionária do universal - capaz de unificar todos os setores interessados na superação do capitalismo e do cisheteropatriarcado, superando a fragmentação neoliberal e dando potência à agenda LGBTQI+ em Portugal.

Mesmo reconhecendo o tanto que há ainda para fazer, entre 2000 e 2023 os avanços legais e a visibilidade social da população LGBTQIA+ são impressionantes. Ao mesmo tempo que a causa LGBTQIA+ tem ganho visibilidade mediática e cultural, fomentando uma cultura de liberdade sexual e contribuindo para avanços legislativos determinantes, múltiplas formas de violência continuam a marcar o quotidiano de milhares de pessoas, numa nova onda internacional de ódio conservador.

Trump (USA), Bolsonaro (Brasil), Meloni (Itália) e Orbán (Hungria) são exemplos funestos de como a agenda anti-direitos LGBTQIA+ faz parte de um programa e de uma ação da extrema-direita. Em mais de sessenta países, a homossexualidade ainda é considerada um crime, os padrões da desigualdade de género resistem apesar das mudanças legais, a precarização da vida afeta sempre mais quem soma fatores de discriminação, a visibilidade das expressões LGBTQIA+ está longe de ser representativa.

O movimento LGBTQI+, a par com o movimento feminista, tem sido o grande movimento de resposta internacional ao crescimento do conservadorismo e da extrema-direita. A luta é por isso pela mobilização internacional contra recuos e por direitos mas também, nos países com quadros legais mais favoráveis à igualdade formal, contra a discirminação no quotidiano, que vai muito além da luta legal.

Assim, é tempo de acção e de uma reflexão estratégica da esquerda anticapitalista focada nas três grandes questões que surgem com a explosão da agenda LGBTQIA+: 1) a cooptação mercantil; 2) o individualismo liberal como horizonte de emancipação; 3) o crescimento de uma visão performativa da opressão que ignora a interseção da luta pela libertação sexual com a luta contra a exploração.

Lê aqui na íntegra o documento de conclusões aprovado no I Fórum LGBTQIA+ do Bloco