“Queres ilhas?” [Newsletter: Lado Esquerdo]

“São no total 10 ilhas que a autarquia está a instalar no centro da cidade, em locais “considerados estratégicos para a passagem e convivência de pessoas”. O investimento é de 200 mil euros.” – Região de Leiria

Ilhas, dizem eles.

Toda a gente reparou, certamente, numas estruturas esquisitas, umas coisas brancas com um buraco no meio, que parecem ter sido largadas por aí, na cidade, por um ET bêbado.

À primeira, estranha-se, depois não se entende. O que são, para que servem, de onde vieram, tudo são questões ouvidas e repetidas.

O que são? Segundo comunicado da Câmara Municipal, trata-se de ilhas urbanas compostas por banco com floreira, pavimento pintado e algumas com um candeeiro inteligente, em locais “considerados estratégicos para a passagem e convivência de pessoas”, e que  funcionam como “uma espécie de arquipélago/percurso de conforto urbano”. Perceberam? Nós também não.

Pelo que sabemos, é um investimento de 200 mil euros. Se é muito, ou pouco di – lo – á quem me lê. Podemos usar, à laia de comparação, as verbas que foram alocadas para a malograda “Leiria Capital Europeia da Cultura”, 390 mil euros. O facto de serem comparticipadas a 85% por um fundo comunitário, como esclareceu o presidente do município, Gonçalo Lopes, não diminui em nada a estranheza por este tipo de investimento, bastante questionável, quando até o presidente da Câmara Municipal de Leiria, na nota introdutória do Orçamento Municipal para 2023, considerou esta “uma conjuntura em que se impõe ao poder autárquico capacidade de adaptação e de resposta perante a incerteza, nomeadamente para fazer face ao expectável aumento das necessidades de auxílio na área social.”

Mesmo se tratando de fundos europeus, aqui destinados para o desenvolvimento urbano, este dinheiro do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU) não teria um fim mais apropriado para reais problemas urbanos do concelho de Leiria que, diga-se, não escasseiam e precisam do devido investimento?

 

Texto: José Peixoto Henriques

Imagem: Rita Gageiro