Roca despede cerca de 300 precários na fábrica de Leiria

Um exemplo da fragilidade dos trabalhadores e trabalhadoras que têm contratos com empresas de trabalho temporário.

A Roca despediu os trabalhadores que estavam contratados através de empresas intermediárias na sua fábrica de Leiria. Estão em causa, segundo as diversas denúncias que recebemos, cerca de 300 pessoas, que ficam assim subitamente sem emprego. A empresa recorreu entretanto ao mecanismo de lay-off, mas antes enviou para o desemprego todas as pessoas que asseguravam trabalho na fábrica intermediadas por empresas de trabalho temporário. A Roca segue, assim, uma estratégia semelhante a várias outras grandes empresas um pouco por todo o país: despede os precários ao mesmo tempo que recorre aos apoios públicos através do mecanismo de lay-off, aproveitando o facto de as regras não protegerem estes trabalhadores. Recordamos que, mesmo antes destes despedimentos e do recurso ao lay-off, tínhamos já denunciado a imposição da contabilização pela Roca do tempo de paragem da fábrica no banco de horas.

As denúncias reportam que os trabalhadores agora despedidos tinham formalmente contrato com a Adecco ou com a Manpower, duas das maiores multinacionais do negócio do trabalho temporário. Os trabalhadores receberam cartas a denunciar os contratos de trabalho e foram contactados pelas empresas intermediárias, que invocaram não ter conseguido chegar a acordo com a Roca para manter os contratos, na sequência da empresa ter acionado o mecanismo de lay-off para os trabalhadores efetivos.

Novos relatos confirmam-nos também as consequências da anterior situação de abuso relativamente imposição da contabilização do tempo de paragem como “horas negativas” no banco de horas. Em alguns casos, esta imposição da empresa corresponde a uma suposta “dívida” de 120 horas, estando a ser dito aos trabalhadores que terão de compensar depois do lay-off terminar, com sábados e domingos. A empresa está já a preparar, segundo estas denúncias, a imposição ilegítima de trabalho extraordinário não pago no momento da reabertura, dirigindo esta chantagem a trabalhadores que, em muitos casos, só a cada 6 semanas têm um fim-de-semana completo de folga.