No artigo Mais de 60% de Portugal continental está em seca extrema traça-se um quadro da situação no final de fevereiro de 2022. Em Seca: O que nos espera? Ricardo Vicente equaciona as consequências das alterações climáticas no aumento da escassez da água e em Um país onde não falta a água… Rui Cortes desmistifica falsas alternativas para enfrentar a escassez de água e destaca que “uma floresta de monocultura com incidência no eucalipto é extremamente vulnerável aos fogos e é responsável pelo acentuar da desertificação com a concomitante redução da infiltração da água”.

Água: aprender com o passado para termos futuro aborda a gestão da água, com Maria Manuel Rola a defender que urge “recuperar o modelo descentralizado das regiões hidrográficas tuteladas por um instituto nacional da água é uma urgência”. Construir barragens para ficarem vazias? questiona João Garcia Rodrigues. E afirma: “Não precisamos de mais barragens, mas de rios livres.”

Ricardo Vicente, em Adaptar a agricultura e a paisagem ao novo clima, critica a política dominante que tem privilegiado os “sistemas de produção intensivos em monocultura e com gestão extrativista” e, afirmando que “é preciso fazer o caminho contrário”, apresenta propostas e denuncia que A atual política de regadio é contra o interesse público.

Por fim, três textos já publicados no esquerda.net, Uso Eficiente da Água em Contexto Urbano - Desafios e Perspetivas de José Saldanha de Matos, Regadio: sorver até ao tutano de Maria Manuel Rola e Água, um bem vital, onde José Maria Cardoso se debruça sobre os dramas da privatização da água, com o exemplo de Barcelos.

“A seca é o desastre natural de origem meteorológica e climatológica mais complexo e que afecta mais pessoas e durante mais tempo que qualquer outro”, apontam climatologistas(link is external). Com este dossier pretendemos contribuir para o debate das escolhas para fazer face ao desastre, defendendo o ambiente, a vida e o bem-estar social.

Neste dossier:

Dossier Seca em Portugal

Seca em Portugal

As secas em Portugal continental são cada vez mais frequentes e intensas devido às alterações climáticas. Como enfrentar a situação é a questão chave e aqui chocam os interesses ambientais e da população com os interesses do agronegócio. Dossier organizado por Carlos Santos e Ricardo Vicente.

Água - Foto de Paulete Matos

Água: aprender com o passado para termos futuro

A gestão de um bem do qual depende a vida, os ecossistemas e o bem-estar social não pode ser entregue e mantida na esfera de um estado mínimo e na influência de uso e sustentabilidade do setor privado. A realidade está aí para nos mostrar que está na hora de reverter estas medidas. Artigo de Maria Manuel Rola.

Margens sem água na Ribeira de Alge, Figueiró dos Vinhos, 1 de fevereiro de 2022 – Foto de Paulo Novais/Lusa

Mais de 60% de Portugal continental está em seca extrema

No final do mês de fevereiro de 2022, mais de 60% do território de Portugal continental estava em seca extrema, 29,3% em seca severa e 4,5% em seca moderada, de acordo com o índice meteorológico de seca (PDSI) do Instituto português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Texto de Carlos Santos

Seca em Castro Marim, camiões da Câmara transportam água, 22 de novembro de 2019 – Foto de Luís Forra/Lusa

Seca: O que nos espera?

Portugal e os países da região mediterrânica devem preparar-se para um forte agravamento das situações de escassez de água e de seca consequentes das alterações climáticas que afetarão as gerações atuais, mesmo que se cumpra o acordo de Paris. Por Ricardo Vicente.

Eucaliptal - Foto de moliço/flickr

Um país onde não falta a água…

Uma floresta de monocultura com incidência no eucalipto é extremamente vulnerável aos fogos e é responsável pelo acentuar da desertificação com a concomitante redução da infiltração da água, antes favorecendo o escoamento superficial, que é o vetor fundamental para o aumento da erosão. Por Rui Cortes

Aldeia do Vilar, na Pampilhosa da Serra, submersa desde 1954, quando se fecharam as comportas da Barragem do Cabril, no Zêzere, emergiu, e pode ser visitada na forma de ruínas, com a descida do caudal do rio Zêzere, 01 de fevereiro de 2022 – Foto de Paulo Novais/Lusa

Seca: construir barragens para ficarem vazias?

A falta de água veio para ficar. Existem hoje 260 grandes barragens no país. Sem água suficiente para armazenar em várias regiões, faz sentido construir mais barragens em Portugal? Artigo de João Garcia Rodrigues.

Montado de sobro - Foto Quercus

Adaptar a agricultura e a paisagem ao novo clima

A política dominante tem privilegiado os resultados económicos rápidos dos sistemas de produção intensivos em monocultura e com gestão extrativista. É preciso fazer o caminho contrário. Artigo de Ricardo Vicente

Alqueva. Foto de Filipe Rodrigues / Flickr

A atual política de regadio é contra o interesse público

Ao longo das últimas décadas a política de regadio tem gerado desigualdades territoriais e socioeconómicas inaceitáveis. Na resposta aos interesses fundiários, da finança e do grande agronegócio tem sido motor do extrativismo, promovendo sistemas de produção de lógica mineira e em total desrespeito pelas populações locais e gerações futuras. Artigo de Ricardo Vicente

Água - Foto de Paulete Matos

Água, um bem vital

O serviço de abastecimento de água e de saneamento em Barcelos é um problema de longos anos que se tem agravado sucessivamente. A projetada resolução de sustentar e alargar a concessão provoca a submersão dos imprescindíveis propósitos de gerir a água como um bem vital. Por José Maria Cardoso

Olival superintensivo em Alfundão. Fotografia de Paula Nunes

Regadio: sorver até ao tutano

O que temos vindo a assistir no Alentejo é apenas o início de um ciclo de aposta em regadio intensivo para a instalação e rentabilização de monoculturas que provocam sérios danos ambientais, culturais e paisagísticos, já para não falar na escravatura e ataque aos direitos humanos. Por Maria Manuel Rola

Água - Foto de Paulete Matos

Uso Eficiente da Água em Contexto Urbano-Desafios e Perspetivas

Republicamos neste dossier "Seca em Portugal", este texto de José Saldanha Matos, professor do IST-UTL, divulgado originalmente pelo esquerda.net na preparação do Fórum Socialismo 2018.