“Travar a violência doméstica” é o mote do debate online desta terça-feira
O Bloco tem alertado para o facto de a crise pandémica ter uma importante dimensão de género. Por um lado, as mulheres são as principais cuidadoras e maioritárias nos setores da Saúde ou dos lares de terceira idade. Acresce que muitas famílias monoparentais estão particularmente vulneráveis às consequências do isolamento social ou da insegurança económica. São também mulheres a esmagadora maioria das vítimas de violência nas relações de intimidade, ficando, sob confinamento, mais expostas e vulneráveis. O impacto será ainda mais profundo nas pessoas que, à condição de género, somam discriminações (etnia, idade, deficiência, orientação sexual, migrantes ou outras). A perspetiva de género tem de estar presente nas medidas de combate às crises pandémica e económica e social.
De acordo com ativistas e relatos de vítimas, o isolamento tem levado ao aumento do número de situações de violência doméstica por todo o mundo, sendo que várias organizações têm vindo a exigir um alerta para este problema.
Em Portugal, registaram-se, no mês de março, menos 26% de queixas à GNR do que no ano passado. Foram 938 as denúncias apresentadas na GNR, 76 pessoas foram detidas e 97 armas foram apreendidas por esta força de segurança O Governo sinaliza que os contactos via SMS para o 3060, linha de denúncia criada para o efeito em tempo de crise pandémica, já ultrapassaram os alertas por telefone e email.
Esta diminuição de queixas não é, contudo, uma boa notícia. Presume-se que as situações de violência doméstica tenham mesmo aumentado mas que o confinamento junto com o agressor iniba as pessoas agredidas de apresentarem queixa. A própria GNR frisa, em comunicado, que o confinamento pode levar a “um desfasamento mais acentuado entre o número de denúncias e o número de crimes praticados” e relembra que se trata de um crime público que pode ser denunciado online(link is external).
Travar a violência doméstica será o tema do debate online desta terça-feira. A iniciativa conta com a participação de Sandra Cunha, deputada do Bloco de Esquerda, Elisabete Brasil, presidente da FEM - Feministas em Movimento, e Cecília Honório, gabinete da vereação do Bloco na Câmara Municipal de Lisboa.
Os debates do ciclo AO ENCONTRO têm lugar às terças e sextas, às 21h30, em direto no ecrã do computador ou do telemóvel, a partir da página de facebook do esquerda.net. As sessões contam sempre com interpretação em Língua Gestual Portuguesa.