Três empresas denunciadas por abuso laboral em Leiria durante o Estado de Emergência
Perante a atual situação de pandemia, apesar dos diversos mecanismos previstos na lei para responder excecionalmente a esta situação, como o lay-off simplificado ou as moratórias ao crédito, muitas entidades patronais estão a tomar decisões abusivas e que lesam os trabalhadores. Para denunciar estas situações o Bloco de Esquerda criou uma plataforma informática (www.despedimentos.pt) que já recebeu centenas de denúncias desde o início do Estado de Emergência. Nos últimos três dias foram denunciadas três entidades diferentes no concelho de Leiria: a Roca, a Decathlon e a Bomcar.
Cada uma delas com diferentes respostas, mas todas abusivas sobre os trabalhadores.
A Roca, uma multinacional espanhola conhecida pelas loiças para casa de banho, está em Portugal desde 1972, segundo os denunciantes, mandou trabalhadores para casa até ao final do mês de Março e impôs, sobe ameaça de processo disciplinar ou despedimento que estas horas venham a ser devolvidas em trabalho extra. Posteriormente chegou-nos ainda a denúncia de que a empresa vai despedir cerca de 200 pessoas que estão mediadas pelas empresas de trabalho temporário ADECCO e ManPower.
A Decathlon, está em Portugal desde 2000, actualmente com 24 lojas, ainda antes de iniciar o Estado de Emergência, segundo os denunciantes, despediu 10 trabalhadores não efetivos da loja de Leiria. A Decathlon Portugal refere-se aos seus funcionários como “decathlonianos”, profissionais que, assim nos diz o diretor da empresa, formam “fantásticas equipas que partilham a mesma cultura, os mesmos valores e sentido”. Neste momento de dificuldades, esta empresa não hesitou em pôr de lado este anunciado espírito comum.
A Bomcar Automóveis S.A., com lojas em Leiria e Coimbra, segundo os denunciantes, perante a necessidade de implementar medidas de contingência, colocou trabalhadores em regime de teletrabalho, contudo as chefias comunicaram entretanto aos trabalhadores e trabalhadoras que teriam de descontar dias de férias mesmo estando em serviço, ainda para mais com efeitos aos dias em que já estavam em regime de teletrabalho. A empresa diz que vai ser retirado o subsídio de isenção de horário e também os prémios periódicos, ainda referentes a fevereiro.
O Bloco de Esquerda considera que as práticas destas empresas contrariam o caminho de solidariedade e responsabilidade social que é exigido neste momento de pandemia. Foi para evitar este comportamento e contrariar a crise económica que propusemos a proibição de despedimentos durante este momento de pandemia, assim como o apoio público ao suporte de salários das pequenas empresas que tenham dificuldades em manter os postos de trabalho durante os meses de Março e Abril.