25 de Abril Sempre!
Quando em Abril de 74 o MFA ( Movimento das Forças Armadas) pôs fim a mais 40 anos de ditadura em Portugal, eu ainda não era nascido.
Assim, sou um privilegiado, tive o privilégio de crescer em democracia, usufruindo de tudo o que ela permite, desfrutando da liberdade de escolha, e do direito de defesa das minhas escolhas.
Cresci num país onde o acesso à educação, à cultura e à saúde podia finalmente ser para todos, sem exclusão e/ou distinção.
Um país com liberdade de culto, com imprensa livre, um país finalmente em paz, um país de trabalho com direitos e mais justiça social.
Comemorar o 25 de Abril hoje, em plena época de restrição de liberdades devido ao surto pandémico é, antes do mais um aviso e, sobretudo uma ocasião para mais uma vez e com muito vivacidade exortarmos e homenagearmos, não só aqueles que o fizeram, mas também os que ao longo de décadas lutaram, com sacrifício das próprias vidas, para que um dia a democracia triunfasse.
Comemorar o 25 de Abril, na época difícil que vivemos, é também um sério aviso, pois vemos como à boleia da crise, forças obscuras surgem exigindo mais restrições e opções securitárias. Aproveitando o natural medo que a situação provoca, para fomentar o ódio e atacar as organizações que defendem a solidariedade institucional, prometendo um futuro individualista, baseado no lucro e no sucesso da total privatização da sociedade.
Por isso é importante realçar, hoje mais do que nunca, o trabalho excecional do nosso Serviço Nacional de Saúde, que embora tenha num passado recente sofrido reveses de que ainda não recuperou, tem tido nos seus profissionais um exemplo de abnegação e respeito pela vida, que o confirma como uma das maiores, senão a maior, das conquistas do 25 de Abril.
Urge defendê-lo daqueles que na mira do proveitoso negócio em que querem transformar a saúde dele se aproveitam e o pretendem destruir.
E aqui será sempre bom recordar dois homens bons, dois “combatentes” pelo 25 de Abril, que tanto fizeram em sua defesa. António Arnaut e João Semedo, que até ao fim estiveram na luta pela defesa e dignificação do SNS e na defesa dos valores mais queridos de Abril.
Disse uma vez o saudoso Dr. Fernando Vale:
“À Liberdade, só quem já a perdeu sabe dar-lhe o devido valor. Defendam-na com unhas e dentes, que não há nada mais terrível do que perdê-la.”
É essa a nossa responsabilidade futura. Defendê-la, honrar quem por ela lutou e honrar quem com o seu sacrifício lhe deu e dá sentido.
Defender a liberdade dos oportunismos e golpismos é pois aquilo que nos cabe fazer. E não é muito, se pensarmos em quem por nós e para nós a conquistou.
Pelo trabalho com direitos, pelo direito à habitação, ao ensino para todos e pela defesa do SNS,
Viva o 25 de Abril.