Bloco consolida-se como terceira força política no país e no distrito de Leiria
Nas passadas eleições legislativas o Bloco de Esquerda obteve uma votação de 9,67% dos votos em território nacional, o que corresponde a quase meio milhão de votantes (492.507). Elegeu 19 deputados, mantendo a dimensão do Grupo Parlamentar face à legislatura anterior. Com este resultado o Bloco consolidou o seu posicionamento como terceira força política, posição que alcançou nas eleições legislativas passadas, assim como nas eleições europeias.
O tabuleiro político-partidário mudou com estas eleições. O Partido Socialista conseguiu obter maior número de votos, mas não conseguiu alcançar a maioria absoluta. A solidez da ação política e do teor programático do Bloco de Esquerda foram essenciais para impedir a maioria absoluta. O crescimento significativo do Partido Socialista resultou essencialmente de uma enorme derrota da direita em Portugal: PSD e CDS perderam 17 deputados no seu conjunto em território nacional. Os eleitores não esqueceram o mal que a direita fez ao país com o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas e valorizaram a solução Governativa passada. Também a CDU perdeu muitos votos, o que subtraiu 5 deputados ao Grupo Parlamentar do PCP. O PAN passou a ter 4 deputados eleitos e o seu crescimento foi realizado com captação de votos à esquerda e à direita, resultado possibilitado pela sua indefinição sobre algumas matérias essenciais ao país, como os direitos laborais e os serviços públicos como a edução e a saúde. Três novos partidos ganharam representação parlamentar: o Livre, o Iniciativa Liberal e o Chega. Pela primeira vez a extrema direita elegeu um deputado. André Ventura foi eleito pelo Chega, mas surgiu como figura pública em Portugal por criação do PSD, partido que o colocou como candidato à Câmara Municipal de Loures, entregando-lhe um palco para a propaganda racista e xenófoba que é hoje a base programática do seu partido.
Apesar da manutenção do número de deputados eleitos pelo Bloco de Esquerda, é de salientar a perda de votos em 0,52 pontos percentuais. O Bloco perdeu 10,4% do número de votos em relação às eleições legislativas anteriores. Uma parte substancial pode justificar-se com a redução do número de votantes (6,2%) e aumento da abstenção, o restante com mudança no sentido de voto. Esta realidade teve como consequência a perda de um deputado no círculo do Porto, que tinha sido eleito com dificuldade em 2015 e de um deputado no círculo da Madeira, onde o mau resultado das eleições regionais já o fazia prever. Os deputados perdidos foram compensados com a eleição, pela primeira vez, do segundo deputado/a em Aveiro e em Braga.
Pela primeira vez, o Bloco foi prejudicado por uma realidade que habitualmente lhe era benéfica: os partidos mais pequenos têm mais probabilidade de eleição nos grandes centros urbanos. O Livre e o PAN captaram alguns votos do Bloco. Esta realidade pode encontrar alguma justificação na menor capacidade que o Bloco teve para captar votos de protesto, devido ao apoio à solução de Governo, i.e. à geringonça. Além disso, durante o período de campanha, estes partidos deram maior tempo de antena a algumas causas estruturais, como o combate antirracista e as questões ambientais, negligenciando muitas outras que o Bloco, pela sua dimensão e responsabilidade, não pode descorar, o que nos pode ter retirado alguns votos desses sectores.
Nos círculos internacionais, onde o número de eleitores aumentou bastante, o Bloco foi a quarta força política, tendo o PAN ficado terceiro lugar, com mais 143 votos. Os resultados eleitorais do Brasil impulsionaram o crescimento do PAN, que ultrapassou o Bloco em mais de mil votos neste país. Apesar de uma grande descida, o PSD ganhou e quase duplicou os votos do PS, que ficou em segundo, seguido do PAN, do PDR, do IL, do PNR e, em sétimo lugar, o Bloco. Num país onde a extrema direita é Governo, a direita angariou imensos votos. No círculo europeu o Bloco passou a terceira força política, com 5,66% dos votos, menos 0,09 pontos percentuais que em 2015.
No distrito de Leiria, o Bloco teve uma votação de 9,36%, ou seja, 20925 votos, o que corresponde a uma redução de 0,3 pontos percentuais, ou seja, menos 9,2% dos votos face a 2015. Proporcionalmente, perdeu menos votos no distrito de Leiria do que no conjunto geral da votação para as legislativas. Os resultados eleitorais do Bloco foram proporcionalmente reforçados nos concelhos de Castanheira de Pera, Nazaré, Bombarral e Pombal. Em todos os outros se perderam algumas décimas percentuais, tendo a perda sido maior nos concelhos de Marinha Grande e Caldas da Rainha (0,73 p.p.). Castanheira de Pera foi o único concelho onde o número absoluto de votos aumentou. O Bloco consolidou a sua posição como terceira força política em 15 concelhos, apenas tendo sido a quarta força política em Alvaiázere, único concelho onde o CDS obteve melhor resultado que o Bloco.
Destaca-se que tal aconteceu, pela primeira vez, na Marinha Grande e em Peniche, conquistando o lugar ao PCP, partido que governou as Câmaras Municipais num passado recente. Este facto pode permitir um tipo de intervenção que pode vir a colher mais frutos nas próximas eleições autárquicas e de implantação do Bloco nos respetivos concelhos.
O deputado eleito no distrito de Leiria pelo Bloco de Esquerda, Ricardo Vicente, foi o sétimo deputado a ser eleito em 10 tal como aconteceu em 2015. Foi uma eleição folgada, pois houve ainda três deputados eleitos com menos votos.
Na que acompanha este texto constam os resultados eleitorais do Bloco no distrito de Leiria e em cada concelho.
Durante a campanha eleitoral, o programa nacional e o manifesto eleitoral distrital demonstraram capacidade para responder às necessidades do distrito de Leiria e ao debate político. O Bloco conseguiu marcar presença na rua em todos os concelhos do distrito, com a exceção do concelho de Alvaiázere. Feiras, mercados, espaços públicos, iniciativas culturais, locais de trabalho e de comércio, foram locais onde o Bloco marcou presença regular, de norte a sul do distrito.
Entre 1 de Setembro e 4 de Outubro, o Bloco realizou mais de 60 ações de campanha e envolveu dezenas de aderentes e simpatizantes. Foram distribuídos 90 mil jornais de campanha. Durante o mês de Setembro a Catarina Martins participou em três iniciativas de campanha (dia 8 - Comício/sardinhada na Lagoa de Óbidos, dia 16 - Visita ao Cetemares/MARE/IPL em Peniche, e dia 24 - visita aos Bombeiros Voluntários da Marinha Grande). As participações da Catarina, o lançamento do Manifesto Eleitoral Distrital e a ação pela requalificação da Linha do Oeste, garantiu a cobertura mediática pela imprensa local durante as 4 semanas que antecederam as eleições. Durante este período marcámos atividade permanente nas redes sociais, com fotografias e vídeos (11 mil visualizações), e uma conferência de imprensa em Leira no dia 23, que refletiam a nossa presença e apresentavam propostas e preocupações.
O Bloco de Esquerda consolidou a sua posição eleitoral no distrito de Leiria, mas não conseguiu crescer em número de votos. O Partido Socialista cresceu, tendo elegido mais um deputado, o PSD ganhou as eleições no distrito com a eleição de 5 deputados e o CDS perdeu o único deputado que tinha. Os resultados eleitorais da direita no distrito de Leiria foram avultados e o PSD saiu vencedor, ao contrário do que sucedeu no país como um todo. Há um enorme trabalho a fazer pela frente, mas o Bloco sai destas eleições com confiança e força para continuar a lutar por um distrito e um país com melhores condições de vida, mais preservação ambiental, menos desigualdade e melhor distribuição de rendimentos. Estamos prontos para a luta toda!
18 de Outubro de 2019,
A Comissão Coordenadora Distrital de Leiria