Candidatos do Bloco às eleições autárquicas de Leiria

Luís Silva, será o cabeça~de~lista à Câmara Municipal e Manuel Azenha o cabeça-de-lista à Assembleia Municipal. A sessão, que decorreu no Moinho do Papel, contou com a presença do eurodeputado José Gusmão e do deputado, eleito por Leiria, Ricardo Vicente. A apresentação dos candidatos foi feita pela Mandatária da Candidatura Manuela Pereira.

Intervenção de Luís Silva: Candidato à Câmara Municipal:
Boa tarde Leirienses.

Começo por agradecer a vossa presença e deixo desde já um especial agradecimento a todas e todos os que me apoiaram e tornaram possível a minha presença aqui hoje. Chamo-me Luís Miguel, tenho 31 anos e uma vontade imensa de fazer mais, MUITO MAIS por Todos nós Leirienses, TODOS sem exceção!! Por todos os que aqui nasceram, cresceram, vivem e lutam pelos seus sonhos. Por todos os que conheceram a nossa cidade e aqui decidiram ficar, por todos os que passaram e por todos os que hão-de vir, independentemente da sua origem, cor, etnia ou estatuto social.

Nasci a uns escassos metros deste local em que nos encontramos, mais precisamente, no mais conhecido por “Hospital velho”. Nos primeiros anos de vida, vivi e aprendi a dar os primeiros passos numa modesta casinha junto à antiga EDP e desde cedo as margens do Lis significaram para mim um contacto e uma ligação única com a nossa terra e em especial com o nosso rio. No atual Jardim da Vala Real, outrora aprendi a cultivar a terra como forma de subsistência e este moinho onde nos encontramos fez parte da minha história, os meus avós vinham aqui buscar farinha e, outrora coziam o pão num antigo forno comunitário que aqui existia. Ao longo dos tempos fui assistindo a uma transformação da cidade e das gentes da terra que engloba em si, tanto de fascínio e orgulho como de tristeza e nostalgia. Nostalgia dos tempos em que a cidade, modesta e com tanto por melhorar, conseguia reunir em si um espírito de união e entreajuda dos seus cidadãos com uma vontade imensa de participarem e contribuírem para um crescimento ímpar da cidade de todos nós.

Leiria não era em si mesma apenas a cidade, sentia-se a interdependência da cidade com a periferia e a simbiose entre ambas o que, a prosperidade assente numa visão e influência monopolista de quem nos tem (des)governado destruiu ao longo do processo, tornando as pessoas em meros consumidores e não em cidadãos no verdadeiro âmago da palavra.

 As ligações entre a cidade e a periferia foram-se desvanecendo num crescimento desenfreado e a falta de planeamento levou mesmo ao romper dessas ligações, à desconexão das pessoas com a terra e a um constante degradar da relação das pessoas com a cidade, a periferia e os recursos naturais da nossa região, nomeadamente com um dos maiores ícones de Leiria, O Rio Lis!

Desde que me recordo, que os atentados ambientais em Leiria são uma constante e fazem parte do nosso dia-a-dia. É triste, realmente triste, ver que em 31 anos de existência pouco ou nada vi ser feito de concreto para resolver estes atentados constantes. Um desses atentados que nos afligem e que já todos devem estar a pensar qual é, é de facto o problema das descargas ilegais de efluentes suinícolas no nosso rio. Todos nós já ouvimos muitas promessas, vimos estudos serem realizados, vimos fundos públicos serem empregues sob o mote de resolver o problema mas a verdade é que há mais de 50 anos que somos obrigados a sofrer as consequências deste atentado. Não podemos aceitar esta inoperância dos diversos executivos. Se de facto têm lutado para a resolução deste problema como nos têm dito, então resta-nos depreender que temos assistido a uma imensa incompetência. Caros Leirienses, até quando vamos aceitar esta incompetência?

Esqueçam a ideia de que “Não vais mudar nada”, “São todos iguais”, “És demasiado pequeno”

Os chavões que nos têm habituado a ouvir não nos podem continuar a oprimir e garanto-vos que só não vai mudar nada, se não quiserem!!!

Sou jovem, licenciado em Relações Públicas e Comunicação Empresarial, e faço parte de uma geração que foi aconselhada a emigrar em busca de oportunidades. Confesso, que essa não era a minha vontade primária mas as circunstâncias assim o proporcionaram. Foram cerca de 6 anos entre Leiria e o resto do Mundo. Trabalhei em refinarias, petroquímicas, na construção naval, um pouco por todo o mundo. Vi de perto muitas das atrocidades que grandes indústrias praticam sem qualquer sentimento de culpa ou preocupação com a sustentabilidade ambiental ou respeito pela vida humana, colocando sempre o foco no lucro. Por leiria as coisas não são muito diferentes. Mas, não podemos aceitar ser vistos como meros números, ilustres leirienses. O espírito crítico e a vontade de lutar contra estas injustiças  a que assistimos e que sentimos  na pele, têm de nos levar a insurgir. Não podemos simplesmente assistir a tais atos e assobiar para o lado.  “Não vais mudar nada”, “És demasiado pequeno", essas frases que ouvimos em demasia  e nos fazem soltar lágrimas em silêncio sem ninguém para as amparar, não nos podem fazer desistir, temos de fazer diferente, temos de ir à luta, e quando assim for, garanto-vos que mesmo contra tudo e todos, muita coisa vai  mudar!!!

Pela reconexão das pessoas com as nossas origens e valores mais nobres enquanto seres humanos, pela reconexão dos Leirienses com o rio e o meio ambiente, pela reconexão da cidade com a periferia. Pela igualdade e o romper da influência dos poderes instalados, pela cultura, educação, mobilidade e desenvolvimento sustentável. Pelos sonhos de todos nós. Por Leiria, apelo a todas e todos os leirienses que quebrem a barreira do medo e que voltem a acreditar que juntos somos capazes de tudo e prometo que estaremos aqui: Para o que der e vier!!! Votem Bloco.

 
Biografia:
Luís Miguel Ferreira da Silva, 31 anos, leiriense, licenciado em Relações Públicas e Comunicação Empresarial na Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa. Frequentou a Universidade de Caxias do Sul, Brasil, em intercâmbio no curso de Relações Públicas. Frequentou o 1° ano de Jornalismo na Escola Superior de Educação de Portalegre. Foi voluntário em Kibera, Quénia, onde apoiou crianças desfavorecidas e prestou auxílio a refugiados de guerra em Atenas, Grécia. Teve uma breve colaboração como tesoureiro da associação juvenil Collippo, em Leiria. Trabalhou durante quase 6 anos em regime de mobilidade geográfica como técnico de tratamento térmico de metais em empresa multinacional, onde lutou pela defesa dos direitos dos trabalhadores sendo eleito delegado sindical. É membro eleito da Coordenadora Distrital de Leiria.
 
 
Intervenção de Manuel Azenha:Candidato à Assembleia Municipal: 

Em 1º lugar gostaria de agradecer à nossa mandatária ter aceitado o convite que lhe foi endereçado, como disse a Manuela andamos juntos nestas lutas há muitos anos, anos em que criámos uma forte amizade, e assim é um prazer enorme tê-la como mandatária em mais este desafio que iremos travar juntos, a ela o meu muito obrigado por estar aqui.

Em 2º lugar gostaria de vos expressar o gosto imenso que tenho em ter o Luís ao meu lado.

O Luís, como em breve irão descobrir, é homem de causas, de convicções fortes, um ser humano extraordinário, com uma força de vontade imensa que irá trazer uma dinâmica diferente, nova e melhorada a esta campanha... e à Câmara, claro.

E volto-me a candidatar por dois motivos fundamentais:

1 - Porque é imperativo trazer de volta  à Assembleia Municipal a importância e dignidade que tem vindo a perder;

2 – E porque a reposição dessa dignidade só se consegue com uma oposição verdadeira e forte, que só o Bloco tem sido capaz de fazer nestes últimos 4 anos.

Uma das nossas bandeiras nesta campanha autárquica, como já foi em outras, será a defesa do ambiente. Nesse sentido é importante desmascarar uma certa hipocrisia existente na nossa assembleia e câmara que vem sempre ao de cima em vésperas de eleições.

Deixem-me referir dois exemplos concretos:  

1 – A questão, agora tão falada, da construção da ETES e a preocupação da Câmara em, agora que se aproximam eleições, em solucionar o problema das descargas dos efluentes suinícolas.

Grande parte da responsabilidade da situação em que hoje nos encontramos é da AM que legalizou dezenas, senão centenas, de suiniculturas, atribuindo-lhes e estatuto de interesse público municipal sem nunca se preocupar, ou sequer indagar, qual era a sua política ambiental e se entregavam os seu efluentes nas ETARES existentes... (quando matriz, etc...)

O Bloco de Esquerda foi o único partido a votar contra e denunciar a vergonha destas atribuições indiscriminadas de interesse público municipal por parte da AM.

Nós não precisámos de estar em campanha eleitoral, em início de 2018 levávamos à AM a 1ª moção para a construção de uma ETES de gestão pública em Leiria, insurgimo-nos contra o compadrio inacreditável existente entre a Câmara e a recilis, grande responsável pela presente situação.
 

O Presidente vem agora condenar a Recilis, mas quando fomos há pouco mais de um ano, novamente assolados pelos cheiros nauseabundos dos espalhamentos efetuados, com quem reuniu o Presidente com pompa e circunstância e fotos nas redes sociais, com o Presidente da Recilis.  

Outro exemplo desta hipocrisia que não podemos mais permitir, foi a questão da prospeção de hidrocarbonetos na Bajouca.

Ao mesmo tempo em que Câmara fazia entrar a Australis pela porta grande dos paços do concelho, apresentava o Bloco Moções para o cancelamento dos contratos de prospeção na Bajouca;

A 1ª moção que apresentámos teve apenas dois votos favoráveis, dois... se não me engano até o presidente da junta da Bajouca votou contra, mas quando a Australis optou por desistir dos contratos, foi um gosto vê-los na televisão afirmando ser uma grande vitória para o Município.

É pois urgente denunciar estas hipocrisias, ter uma Assembleia Municipal mais forte e ativa e este desiderato só se consegue com maior representatividade.

Nós queremos fazer mais e mais e melhor, é a isso que nos propomos, pois se com um deputado eleito fomos a única e verdadeira oposição na Assembleia Municipal imaginem o que conseguiríamos realizar em prol do concelho com mais deputados eleitos.
 

É esta a luta que nos propomos travar, conseguir maior representatividade na AM para continuar e melhorar o trabalho que o Bloco tem realizado.

Da minha parte tudo farei para responder às expetativas que todas e todos os Leirienses depositam na Assembleia Municipal, e na companhia da Manuela, Luís e tantos outros que nos apoiam, estou certo que conseguiremos.

Afinal, estamos cá para o que der e vier...

Biografia:
Manuel Azenha, tenho 46 anos e o currículo profissional mais curto que conheço, licenciei-me em direito em 1998, acabei o estágio em 2000 e desde essa data até ao dia de hoje sou advogado em Leiria.
 

A nível político, sou aderente do Bloco de Esquerda há muitos anos, já nem sei quantos, fui membro da mesa nacional, terminei ontem o mandato de membro da comissão de direitos, faço parte da Coordenadora Distrital e no mandato que ainda decorre sou deputado municipal.