Precariedade Laboral no Teatro José Lúcio da Silva

Na passada e última Assembleia Municipal de Leiria, deste mandato, que se realizou no Teatro José Lúcio da Silva, assistimos à intervenção do cidadão Jorge Ferreira, que expôs a situação de precariedade dos trabalhadores da Cultura na cidade.

 

Na passada sexta-feira, dia 3 de setembro, teve lugar no Teatro José Lúcio da Silva a última sessão do atual mandato da Assembleia Municipal de Leiria. No período antes da ordem do dia, pudemos assistir à intervenção de um cidadão e trabalhador deste mesmo Teatro, Jorge Ferreira, que num ato de coragem veio expor a precariedade dos trabalhadores da cultura na nossa cidade assim como a falta de transparência por parte do executivo na apresentação das contas do Teatro José Lúcio da Silva, a falta de investimento nos mais emblemáticos equipamentos culturais do nosso município e ainda, a falta de diálogo do atual executivo em funções com os trabalhadores do Teatro no âmbito da tão aclamada candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura. 

Para espanto de todos, o presidente da Câmara Municipal de Leiria em funções, Gonçalo Lopes, retorquiu tentando descredibilizar a intervenção em causa afirmando que aquele não era o lugar próprio para a exposição de motivos apresentada. Gonçalo Lopes demonstrou o seu desrespeito não só para com o cidadão em causa, como pela Assembleia Municipal dando a entender que um trabalhador do Teatro que está sob a sua tutela não tem nada que ir para AM expôr a situação e falar do orçamento. Ora, a AM é precisamente o órgão fiscalizador da ação do executivo. O trabalhador foi ao lugar certo!!!

O Bloco de Esquerda de Leiria repudia veementemente esta atitude e as declarações provocatórias do Presidente Gonçalo Lopes que parece mais uma vez lidar mal com o escrutínio público. 

Não só não respondeu ao facto de os trabalhadores do Teatro José Lúcio da Silva não terem sido, até à data, consultados no âmbito da candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura, como justificou como natural a existência de vínculos precários no setor da cultura. Estará o executivo a fazer uma candidatura a Capital Europeia da Cultura com base no iluminismo de alguém, uma vez que os principais visados, os trabalhadores da cultura não foram envolvidos e são continuamente esquecidos? 

Quanto ao vínculo laboral é uma escolha que está ao alcance do executivo, assim como o salário. Este, decidiu pela precariedade e assim se vê o quanto desvaloriza a Cultura ao contrário do que vem afirmando constantemente na comunicação social. Qualquer trabalho especializado necessita de estabilidade e carreira profissional, tudo o que o executivo não tem promovido!!

Gonçalo Lopes tenta disfarçar o que se está a passar: a transferência de  trabalhadores para empresas de trabalho temporário e chamando-lhes "empresas da especialidade" como ficou claro na sua intervenção. 

Sr. Presidente Câmara Municipal: um desígnio Fundamental é que os trabalhadores sejam tratados com respeito e urbanidade, é garantir trabalho com direitos e dignidade. Um executivo municipal que quer afirmar Leiria como Capital Europeia da Cultura não pode fomentar a precaridade dos trabalhadores da Cultura e esquecer que estes, não são invisíveis e, têm um papel central neste desígnio.  

 

Leiria, 5 de setembro de 2021.

Bloco de Esquerda Leiria