Bloco de Esquerda reuniu com o Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Leiria
O Bloco reconhece esforços positivos concretizados a nível de investimento em estruturas e equipamentos, onde se destaca o reforço da capacidade de resposta a nível de consultas externas, hospital de dia e bloco de partos, e no número de camas em contexto de unidade de convalescença e em cuidados paliativos. Ainda assim, no nosso entender, assume-se como insuficiente para as necessidades da população considerando não só a sua evolução demográfica que, por um lado, é crescentemente mais idosa e complexa nas suas patologias e, por outro, devido ao aumento do número de residentes, dos quais muitos são imigrantes.
Em termos de recursos humanos, temos sérios receios que as perspetivas de contratação de profissionais de saúde possam não ser concretizadas perante a degradação estrutural crónica das condições de trabalho e a falta de atractividade para a fixação de profissionais de saúde, com particular foco nas carências na especialidade de Medicina Interna, que é basilar para o normal funcionamento de uma estrutura hospitalar e, particularmente, no serviço de urgência, e a nível da Obstetrícia, condicionando o acompanhamento adequado e atempado da gravidez, por exemplo.
Estas insuficiências afloram de forma mais imediata e visível na capacidade de resposta do Serviço de Urgência (SU) do CHL, onde a recente demissão da diretora do SU do CHL pode ser mais um sintoma disso mesmo, não se perspectivando soluções reais a curto prazo.
Muito pelo contrário, a decisão apressada, unilateral, e sem considerar as preocupações dos profissionais dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), de criação de uma Unidade Local de Saúde (ULS) na Região de Leiria por parte do novo Diretor Executivo do Serviço Nacional de Saúde poderá agravar ainda mais este cenário de carências. Trata-se de um modelo de integração vertical de cuidados que não tem suporte robusto em estudos, não só aquando da sua criação nem no seu acompanhamento ao longo do tempo, havendo mesmo trabalhos de entidades independentes a apontarem para o seu potencial impacto negativo (aumento do número de urgências, aumento do tempo de espera de acesso a primeira consulta hospitalar e cirurgia, aumento do tempo de internamento, aumento de custos com medicamentos e do grau de insatisfação dos utentes, com maior número de reclamações), agravando, de forma global, a resposta em cuidados de saúde na região.