25 de Abril Sempre!

Intervenção do deputado do Bloco de Esquerda, Manuel Azenha, na Assembleia Municipal (Leiria) de comemoração dos 46 anos do 25 de Abril de 1974.

Quando em Abril de 74 o MFA ( Movimento das Forças Armadas) pôs fim a mais 40 anos de ditadura em Portugal, eu ainda não era nascido.

Assim, sou um privilegiado, tive o privilégio de crescer em democracia, usufruindo de tudo o que ela permite, desfrutando da liberdade de escolha, e do direito de defesa das minhas escolhas. 

Cresci num país onde o acesso à educação, à cultura e à saúde podia finalmente ser para todos, sem exclusão e/ou distinção.

Um país com liberdade de culto, com imprensa livre, um país finalmente em paz, um país de trabalho com direitos e mais justiça social.

Comemorar o 25 de Abril hoje, em plena época de restrição de liberdades devido ao surto pandémico é, antes do mais um aviso e, sobretudo uma ocasião para mais uma vez e com muito vivacidade exortarmos e homenagearmos, não só aqueles que o fizeram, mas também os que ao longo de décadas lutaram, com sacrifício das próprias vidas, para que um dia a democracia triunfasse.

Comemorar o 25 de Abril, na época difícil que vivemos, é também um sério aviso, pois vemos como à boleia da crise, forças obscuras surgem exigindo mais restrições e opções securitárias. Aproveitando o natural medo que a situação provoca, para fomentar o ódio e atacar as organizações que defendem a solidariedade institucional, prometendo um futuro individualista, baseado no lucro e no sucesso da total privatização da sociedade.

Por isso é importante realçar, hoje mais do que nunca, o trabalho excecional do nosso Serviço Nacional de Saúde, que embora tenha num passado recente sofrido reveses de que ainda não recuperou, tem tido nos seus profissionais um exemplo de abnegação e respeito pela vida, que o confirma como uma das maiores, senão a maior, das conquistas do 25 de Abril. 

Urge defendê-lo daqueles que na mira do proveitoso negócio em que querem transformar a saúde dele se aproveitam e o pretendem destruir.

E aqui será sempre bom recordar dois homens bons, dois “combatentes” pelo 25 de Abril, que tanto fizeram em sua defesa. António Arnaut e João Semedo, que até ao fim estiveram na luta pela defesa e dignificação do SNS e na defesa dos valores mais queridos de Abril.

Disse uma vez o saudoso Dr. Fernando Vale:

À Liberdade, só quem já a perdeu sabe dar-lhe o devido valor. Defendam-na com unhas e dentes, que não há nada mais terrível do que perdê-la.”

É essa a nossa responsabilidade futura. Defendê-la, honrar quem por ela lutou e honrar quem com o seu sacrifício lhe deu e dá sentido.

Defender a liberdade dos oportunismos e golpismos é pois aquilo que nos cabe fazer. E não é muito, se pensarmos em quem por nós e para nós a conquistou.

Pelo trabalho com direitos, pelo direito à habitação, ao ensino para todos e pela defesa do SNS, 

Viva o 25 de Abril.