Bloco quer produções agrícolas mais resilientes às alterações climáticas

Numa visita à Cooperativa Agrícola do Távora, em Moimenta da Beira, o deputado do Bloco Ricardo Vicente defendeu medidas urgentes para apoiar os agricultores devido ao mau tempo e a promoção de uma cultura diversificada como forma de combate às alterações climáticas. 

O deputado do Bloco de Esquerda, Ricardo Vicente, acompanhado por uma comitiva da Comissão Coordenadora Distrital de Viseu do Bloco, numa visita realizada ontem à Cooperativa Agrícola de Távora, em Moimenta da Beira, apresentou um Projeto de Resolução que recomenda ao Governo o apoio urgente aos produtores afetados por eventos meteorológicos extremos e promoção de sistemas de produção agrícola diversificados. 

De acordo com o documento, “os eventos meteorológicos que aconteceram em abril e maio de 2020 provocaram estragos e prejuízos avultados na produção agrícola de vastas áreas das regiões Norte e Centro do país. Eventos de precipitação intensa, queda de granizo e ventos fortes, com duração de mais de uma hora, provocaram inundações e grande destruição na produção agrícola de um vasto conjunto de concelhos.” 

Para o deputado do Bloco, “a crise climática atual agrava a frequência e intensidade dos eventos meteorológicos extremos” e a “a dimensão deste aumento depende da capacidade de o país adotar medidas de adaptação às alterações climáticas, e de os Estados, em geral, tomarem medidas de mitigação de emissão de gases com efeito de estufa”. 

Mas afirma que “o risco não afeta todas as explorações agrícolas por igual” porque “os sistemas de produção mais diversificados são mais resilientes aos eventos meteorológicos extremos, como fortes precipitações, secas e temporais, mas também ao surgimento de novas pragas e doenças, fator que tende também a agravar-se com a crise climática. Os sistemas de produção diversificados, cujas culturas são variadas e que praticam rotações e consociações, produzem menos emissões de gases com efeito de estufa, pois tiram proveito de processos ecológicos, reduzindo as necessidades de consumo de energia, adubos e pesticidas. Além destas vantagens, o facto de os sistemas de produção diversificados terem as suas colheitas repartidas ao longo do ano, reduz também os riscos económicos associados aos eventos extremos e às oscilações de mercado”. 

Assim, o Bloco exige ao governo que “realize, com caráter de urgência, um levantamento dos estragos e prejuízos provocados no setor agrícolas” e que “garanta medidas de apoio de forma célere aos produtores das regiões Norte e Centro do país cujas culturas agrícolas foram afetadas por eventos meteorológicos extremos ocorridos em abril e maio de 2020”. Ainda considera de grande importância que se “promova, através do futuro Plano Estratégico da Política Agrícola Comum e da respetiva dotação financeira do Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia para o período 2021-2027, sistemas de produção agrícola diversificados e mais resilientes a eventos meteorológicos extremos, com prática de rotações e consociações, em detrimento de modelos de produção baseados na monocultura e com elevado consumo de fatores de produção.”