Bloco reuniu com os dois centros hospitalares do Distrito de Leiria

É essencial a criação de um regime de exclusividade, em que os médicos que demonstrem disponibilidade para trabalhar de forma exclusiva no SNS encontrem melhores condições e mais competitivas que o sector privado. 

O Bloco de Esquerda reuniu nos passados dias 16 e 17 de dezembro com as administrações dos Centros Hospitalares de Leiria e do Oeste que cobrem todo o distrito de Leiria. Os dois centros reúnem no seu conjunto seis unidades hospitalares: na Região Oeste os hospitais de Torres Vedras, Peniche e Caldas da Rainha; na Região de Leiria os hospitais de Leiria, Alcobaça e Pombal. No seu conjunto, os dois centros hospitalares prestam serviços a muitos mais utentes do que os planeados aquando das suas construções, pelo que enfrentam limitações estruturais para garantir a evolução dos serviços necessários à população.

O Centro Hospitalar do Oeste é o que encontra mais dificuldades estruturais e há muitos anos que tem prometida a construção de um novo hospital, com capacidade para centralizar serviços de especialidade. Uma medida que nunca passou de estudos e promessas falhadas. Espera-se que seja concretizado um estudo para suportar a sua construção até outubro de 2022, segundo informou o Conselho de Administração ao Bloco de Esquerda. Para o imediato, a política pública não pode esperar pelo novo hospital, é essencial garantir a contratação de mais profissionais de saúde e melhorar as condições de trabalho dos atuais. Por iniciativa do Bloco de Esquerda o Parlamento aprovou uma recomendação ao Governo para que o CHO passe a ter Cuidados Intensivos, o que poderia melhorar a resposta à covid, mas também rentabilizar os restantes serviços já existentes. Segundo a administração do CHO, esta medida é possível de concretizar até 2023 nos hospitais de Torres Vedras e Caldas da Rainha. O Bloco de Esquerda continuará a acompanhar estes trabalhos.

Os serviços dos dois centros hospitalares estão em sobrecarga, com os seus profissionais a acusar muito desgaste e desmotivação resultantes do excesso de trabalho e das insuficientes condições laborais e de remuneração. A sobrecarga resulta da gestão dos casos covid, do acumular de situações não covid que foram penalizadas durante a pandemia, mas também da falta de respostas não hospitalares. Muitos dos doentes que chegam às urgências tratam-se de casos que deviam ser tratados fora dos hospitais, ao nível dos centros de saúde, por exemplo. Nos momentos pós-hospitalares, muitos doentes não reúnem condições de apoio social e familiar para poder sair dos hospitais. Para agravar a situação, o Governo não possibilitou a contratação de mais profissionais para responder à última vaga da covid e as administrações não têm autonomia suficiente para fazer as melhores opções de gestão dos seus meios humanos e financeiros.

O Bloco de Esquerda defende que sejam criadas melhores condições laborais para os profissionais de saúde em todas as categorias. No caso dos médicos, é essencial a criação de um regime de exclusividade, em que os médicos que demonstrem disponibilidade para trabalhar de forma exclusiva no SNS encontrem melhores condições e mais competitivas que o sector privado. Caso contrário, continuaremos a assistir ao drenar de recursos humanos formados pelo SNS para os hospitais privados.